quinta-feira, 25 de abril de 2024

53ª Expoagro tem comida de comitiva pantaneira

Peão de comitiva conta a rotina de cozinheiro de comitiva e oferece refeição na Expoagro

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João Pires

 

Casal de cozinheiros são naturais de Miranda e levam a cultura pantaneira em feiras agropecuárias (Foto - João Pires)

 

Acordar cedo, escolher o lugar certo para fazer um fogão à lenha improvisado para o preparo do café da manhã e já pensando no almoço da peonada. Esta é a rotina do cozinheiro de comitiva pantaneira, Edson Lopes, conhecido ‘Edson Pantaneiro’ e sua esposa Lílian Leite, que desde pequenos acompanham transportes de gado na região do Pantanal.

 

O casal é natural de Miranda (MS) e estão com estande montado no pavilhão de carneiros do parque de exposições, onde oferecem ao público que comparecer na 53ª Expoagro, duas refeições (almoço e janta) no estilo pantaneiro, ou seja, cardápio incluindo arroz carreteiro, carne seca, macarrão tropeiro, feijão com carne de sol e mandioca acompanhada com farofa.

 

Estande está instalado na baia dos carneiros, onde oferece almoço e janta (Foto - João Pires)

 

Edson Pantaneiro conta que começou acompanhar comitivas muito cedo, desde os cinco anos de idade, quando o seu avô viaja com ele na garupa do cavalo. “Meu avô pedia para eu abaixar quando ele ia fazer uma laçada, Foi assim que comecei gostar do trabalho, fui aprendendo inclusive tocar berrante nesta época”, disse.

 

Ele relata que no começo não queria ajudar na ‘cozinha’, mas como era muito pequeno seu avô o deixava aos cuidados do cozinheiro da comitiva, quando foi aprendendo e pegando o jeito de cozinhar. “Hoje eu faço o que eu gosto e falo com orgulho, pois é minha tradição uma coisa que a gente aprendeu com o tempo”, afirmou.

 

ROTINA SOLITÁRIA

 

A rotina de cozinheiro pantaneiro é solitária. Edson explica que é necessário viajar sozinho, na frente da comitiva. “Primeiro o condutor fala o percurso e depois o cozinheiro sai na frente para esperar a comitiva com o café da manhã (quebra torto) e logo em seguida continua a viagem sozinho, quando em determinado tempo já procura um lugar apropriado para cozinhar, perto de um açude, onde tem água para facilitar o serviço”.

 

O peão conta que escolhido o local ele arma a lona ajeita tudo, observando o tempo, para ver em qual lado que está o vento para esticar a lona “A lenha já pego por ali mesmo”, afirma. “A comida de comitiva é basicamente o arroz carreteiro, carne seca, macarrão tropeiro, feijão com carne de sol e mandioca acompanhada com farofa”, complementa.

 

Questionado pela reportagem do Diário MS sobre o possível fim das comitivas, ele explica que é impossível, devido às cheias que ocorrem todos os anos no Pantanal. “O pessoal fala que está acabando, mas quando é período de cheia não tem outro jeito de transportar o gado, só com comitiva mesmo. Não tem outro jeito”, justifica.

 

Na 53ª Expoagro, o cozinheiro está acompanhado pela esposa (Foto - João Pires)

 

EXPOAGRO

 

Na 53ª Expoagro, o cozinheiro está acompanhado pela esposa. Ele relata que juntos viajam para divulgar suas culturas em eventos e exposições agropecuárias. ‘Está é a primeira vez em Dourados e acho que o público está gostando da nossa comida. Pelo menos na hora que o cliente vai embora a gente vê que não sobra no prato e isso é sinal que gostou!”, descontraiu.

 

A esposa Lílian conta que no começo deste ano decidiu acompanhar o marido. Para ela a diferença principal da comida pantaneira é o sabor. “o trabalho é dobrado, pois você tem que aguentar fumaça nos olhos, mas por outro lado é gratificante. Essa é a minha cultura!”, comentou.

 

O casal trabalha em parceria com os empresários Cristina Moreira e José Eduardo, também de Miranda. Na 53ª Expoagro o valor das refeições é de R$ 20 e o cliente pode repetir o prato, se assim desejar.

 

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