sábado, 27 de abril de 2024

Delator garante que Globo pagou propina por Copas de 2026 e 2030

Segundo o ex-diretor executivo da empresa de marketing, a emissora brasileira desembolsou US$ 15 milhões em subornos.

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A informação é do jornalista Ken Bensinger, que cobre in loco o julgamento no Tribunal do Brooklyn, em Nova York, e que está escrevendo um livro sobre o “Caso Fifa”.(Foto: Getty Images)

R7

A informação é do jornalista Ken Bensinger, que cobre in loco o julgamento no Tribunal do Brooklyn, em Nova York, e que está escrevendo um livro sobre o “Caso Fifa”.(Foto: Getty Images)

No segundo dia de depoimento nos Estados Unidos sobre o caso de corrupção no alto escalão do futebol mundial, Alejandro Burzaco voltou a citar a Rede Globo nesta quarta-feira (15) como uma das empresas que teriam pago propina para garantir direitos de transmissão de eventos esportivos.

 

 

Segundo o ex-diretor executivo da empresa de marketing Torneos y Competencias S.A., a emissora brasileira desembolsou US$ 15 milhões em subornos (cerca de R$ 50 milhões) para assegurar exclusividade nas Copas do Mundo de 2026 e 2030. A informação é do jornalista Ken Bensinger, que cobre in loco o julgamento no Tribunal do Brooklyn, em Nova York, e que está escrevendo um livro sobre o “Caso Fifa”.

 

De acordo com Burzaco, a propina teria sido depositada em uma conta no banco Julius Baer, na Suíça, do ex-dirigente Julio Grondona, morto em 2014, e que foi presidente da AFA (Associação do Futebol Argentino) e responsável na Fifa por cuidar dos direitos de transmissão para a América Latina. Além da Globo, a emissora mexicana Televisa também estaria envolvida em mais esse esquema. Por nota, a Rede Globo negou todas as acusações de Alejandro Burzaco e afirmou que “não é parte nos processos que correm na Justiça americana”.

 

Em seu depoimento, Burzaco relatou também um encontro ocorrido em 2013, durante reunião do Comitê Executivo da Fifa, com José Maria Marin, Marco Polo Del Nero e J. Hawilla, dono da empresa de marketing esportivo Traffic. Na ocasião, os dirigentes brasileiros teriam reclamado do atraso do pagamento de propinas relacionadas à venda dos direitos de transmissão da Libertadores e da Copa Sul-Americana.

 

Relatório Garcia

 

As afirmações de Burzaco reforçam as investigações apresentadas no ‘Relatório Garcia’. O documento responsável por expor a corrupção maciça no alto escalão do futebol mundial foi elaborado pelo norte-americano Michael Garcia, ex-membro do FBI e investigador do caso para a Fifa.

 

O manuscrito de 360 páginas expôs, entre outras coisas, detalhes sobre as suspeitas envolvendo o ex-presidente da CBF, Ricardo Teixeira, que teria usado contratos comerciais para ocultar o pagamento de propina que ele teria recebido ao apoiar a candidatura do Qatar para sediar a Copa do Mundo de 2022. Além dele, seus sucessores no comando da Confederação Brasileira de Futebol, José Maria Marin e Marco Polo Del Nero, também estariam envolvidos.

 

Garcia foi contratado pela Fifa para apurar as suspeitas de ilegalidade, porém seu informe permaneceu por anos engavetado pela entidade o que fez com que o norte-americano pedisse demissão em 2014. Apenas em julho deste ano, depois de ter sido vazado pelo jornal alemão Bild, a Fifa divulgou integralmente o temido documento.

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