quinta-feira, 25 de abril de 2024

Fortuna de bilionários brasileiros cresce 13% e chega a US$ 549 bilhões em 2017

Segundo relatório da ONG britânica Oxfam, Brasil ganhou 12 novos bilionários no ano passado. Metodologia adotada pela organização, porém, não é unânime entre economistas

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Terra

 

Brasil ganhou 12 novos bilionários em 2017, diz ONG (Foto: Getty Images / BBCBrasil.com)

 

Os ultrarricos do Brasil continuam aumentando sua distância em relação aos mais pobres, segundo relatório da ONG britânica Oxfam divulgado nesta segunda-feira.

 

O relatório será apresentado durante o Fórum Econômico Mundial (WEF, na sigla em inglês), que se reúne em Davos, na Suíça, a partir desta terça-feira. Segundo a Oxfam, o país ganhou 12 novos bilionários (considerando o patrimônio em US$) no ano passado, e conta agora com 43 desses ultrarricos.

 

Em 2017, o patrimônio total dos bilionários brasileiros cresceu 13% e somou US$ 549 bilhões, aponta o levantamento.

 

Já a economia brasileira como um todo (medida pelo PIB do país) avançou apenas 1,1% em 2017, segundo a última estimativa do projeto Monitor do PIB, da Fundação Getulio Vargas (FGV).

 

Segundo a Oxfam, existem hoje no mundo todo 2.043 bilionários, e 90% deles são homens.

 

O ano passado registrou o maior aumento do número de bilionários da história, com quase um novo bilionário no mundo a cada dois dias. E, nos últimos 12 meses, o patrimônio dessas pessoas avançou em US$ 762 bilhões. Com menos de 1/7 dessa quantia, já daria para acabar com a pobreza extrema em todo o mundo, diz a organização.

 

O enorme aumento do número de bilionários em todo o mundo só é possível, segundo a Oxfam, porque os ultrarricos se apropriam de uma fatia cada vez maior da renda.

 

Bill Gates é a pessoa mais rica do mundo, segundo a revista Forbes (Foto: Getty Images / BBCBrasil.com)

 

De todo o valor produzido pelo mundo no ano passado, nada menos que 82% ficaram com o 1% mais rico da população, enquanto a metade mais pobre da humanidade não teve qualquer aumento no seu patrimônio.

 

Na versão de 2018 de seu relatório, a ONG também revisou um cálculo do ano passado: segundo a entidade, 61 bilionários detêm a mesma riqueza que os 50% mais pobres, e não oito pessoas, como foi divulgado em 2017. Já no Brasil, cinco indivíduos possuiriam o mesmo patrimônio que os 50% mais pobres da população (cerca de 100 milhões de brasileiros).

 

O relatório da Oxfam usa diversas fontes de informação, incluindo a lista de bilionários elaborada pela revista norte-americana Forbes. A principal, porém, é uma base de dados do banco Credit Suisse.

 

A forma como a ONG faz os cálculos, porém, não é unânime entre os economistas.

 

Medir desigualdade: tarefa complexa

 

Segundo ONG, 1/7 da fortuna dos milionários seria suficiente para pôr fim à pobreza extrema (Foto: EPA / BBCBrasil.com)

 

Mas afinal, como é possível contabilizar a renda e o patrimônio de mais de 7 bilhões de pessoas como propõe a Oxfam?

 

Essa é uma das principais críticas feitas por economistas ao relatório da entidade: para muitos países, simplesmente não existem dados suficientemente precisos, de modo que o estudo precisa se basear em aproximações.

 

“Uma das coisas que o Credit Suisse (fonte de dados usada pela Oxfam) diz é que é preciso cautela, pois a maioria dos países não têm dados completos sobre o patrimônio das pessoas. Só alguns países ricos fazem estimativas completas sobre o patrimônio”, diz o economista Carlos Góes, do Instituto Mercado Popular.

 

“E isso acontece porque os governos geralmente tributam renda (como no IR brasileiro), e não patrimônio. Então, o incentivo que eles têm é para saber a renda das pessoas, não o patrimônio”, acrescenta.

 

Segundo Carlos Góes, os estudos sobre desigualdade disponíveis hoje mostram que o fosso entre ricos e pobres está diminuindo, quando se considera o mundo como um todo. “Isso ocorre porque a renda têm crescido mais rapidamente em países pobres do que nos ricos”, afirma ele, mencionando lugares como Índia e China. Na sua avaliação, essa diminuição global acontece mesmo com a desigualdade aumentando dentro das nações mais ricas.

 

Em resposta, a Oxfam reconhece que existem limitações nos dados, mas diz que as informações disponíveis já são suficientes para traçar um retrato consistente da realidade. “Não existe nenhum dado perfeito. Sempre há limitação. Mas com a quantidade de dados que a gente tem hoje sobre patrimônio, como agregado pelo Credit Suisse, a gente consegue ter uma fotografia da situação”, afirma Rafael Georges, coordenador de campanhas da Oxfam Brasil. “Se o banco (Credit) não visse qualquer valor nos dados, não os publicaria”, diz.

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