quinta-feira, 18 de abril de 2024

Fugindo da cheia, desalojados levam para abrigos animais de estimação e até égua

Famílias foram abrigadas em três salões paroquiais em Aquidauana.

Compartilhar

Jardineiro Marcos Estaqui brinca em abrigo com o cachorro que salvou junto com sua égua, da inundação do rio, em Aquidauana (MS) (Foto: Cláudia Gaigher/TV Morena)

G1

 

Jardineiro Marcos Estaqui brinca em abrigo com o cachorro que salvou junto com sua égua, da inundação do rio, em Aquidauana (MS) (Foto: Cláudia Gaigher/TV Morena)

As 50 famílias desalojadas pela cheia do rio Aquidauana, na cidade de mesmo nome, no oeste de Mato Grosso do Sul, foram abrigadas em três salões paroquiais da igreja Católica no município. Retiradas das áreas alagadas ou de risco pela Defesa Civil do município e pelo Exército, elas foram forçadas a transformar os locais onde foram alojadas temporariamente em umaextensão improvisada de suas casas. Além de objetos pessoais, móveis e eletrodomésticos, levaram também seus animais de estimação, como cães e gatos, e alguns até suas criações, como pitinhos e uma égua.

 

A égua no caso, foi trazida para o abrigo pelo jardineiro Marcos Eustaqui. Segundo ele, a companheira de trabalho foi a primeira a ser salva da enchente do Aquidauana. Ele trouxe o animal amarrado na carroça e a deixou na área externa do salão paroquial da Igreja Matriz, onde está abrigado. Depois voltou para pegar o cachorro e o restante das coisas, como roupas e a geladeira.

 

Já dona Floripea Justino Alves tentou salvar a criação de galinhas. As matrizes, conforme ela, acabaram morrendo, mas conseguiu socorrer os pintinhos. Os filhotes estão com ela, em uma caixa, dentro do abrigo.

 

Segundo a prefeitura, os animais que estão no abrigo foram relacionados e vacinados pela Vigilância Sanitária do município. Somente no salão paroquial da Igreja Matriz, estão oito cães e um gato, além de outros bichos.

 

Além da estrutura da igreja Matriz, as famílias também estão abrigadas nos salões paroquiais das comunidades do Guanandi e de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, totalizando 153 pessoas.

 

Salvos da cheia, mas preocupados com o futuro

 

A salvo da cheia do rio, as famílias que estão nos abrigos têm uma preocupação em comum, o futuro. “Isso aí que é problema [consertar a casa alagada]. Dizem que vem dinheiro pra gente consertar. Até hoje nunca peguei nenhum centavo. Minha casa tá lá caindo aos pedaços. O telhado que não prestava acabou de ir embora o resto”, lamenta a dona Floripea.

Dona Floripea Justino Alves observa no abrigo no salão paroquial da Igreja Matriz de Aquidauana (MS), os pintinhos que sobraram de sua criação após a cheia do rio Aquidauana (Foto: Cláudia Gaigher/TV Morena)

 

A Cruz Vermelha Brasileira de Mato Grosso do Sul lançou nesta quarta uma campanha de arrecadação de doações “S.O.S. Pantanal Sul” para as vítimas dos alagamentos das cidades em situação de emergência declaradas nos últimos dias.

 

O presidente Tácito Nogueira esteve em Aquidauana, onde a situação está mais grave, e disse que vai fazer um esforço conjunto em diversos municípios do estado e junto à entidade nacional da Cruz Vermelha Brasileira para arrecadar os recursos e doações.

 

De acordo com a Cruz Vermelha, no momento, a maior necessidade é de itens de higiene pessoal básica como papel higiênico, escova e pasta de dentes, sabonete, shampoo, pente, barbeador, absorvente higiênico e alimentos – água mineral, leite em pó e alimentos não perecíveis.

 

Situação atual

 

O nível do rio Aquidauana recuou mais de um metro entre a noite desta quarta-feira (21), quando estava em 10,42 metros, até a manhã desta quinta (22), quando atingiu os 9,36 metros, mas a cidade que leva o mesmo nome do curso de água, ainda está alagada.

 

O coordenador da Defesa Civil de Aquidauana, Mário Ravaglia, disse ao G1 que as duas pontes que ligam o município a cidade vizinha, Anastácio, e que até ontem estavam totalmente interditadas, já estão com liberação parcial.

 

Na ponte velha, carros pequenos já estão conseguindo fazer a travessia e na nova até veículos maiores. Entretanto, a passadeira flutuante, montada pelo Exército na madrugada de quarta-feira, para impedir o isolamento do município permanece montada. Um trecho onde a estrutura de 144 metros foi ancorada já está seco, mas parte ainda está alagada.

 

Ravaglia disse ao G1 que ainda nesta quarta-feira, em razão da dimensão dos estragos provocados pela cheia do rio, que a prefeitura decretou situação de emergência. Nesta quinta-feira, o governador Reinaldo Azambuja (PSDB), deve visitar a cidade para conferir a situação e oferecer auxílio.

 

Também em decorrência da inundação, a prefeitura suspendeu as aulas da rede municipal até o fim desta semana. Os 4,8 mil alunos tinham retomado os estudos há três dias.

 

Os frigoríficos de Aquidauana e Anastácio tiveram as atividades suspensas nesta quarta-feira. Na unidade da JBS, três animais morreram afogados, outros 600 foram salvos, sendo parte transferidos para fazenda vizinha e outra sendo abatida. No outro frigorífico, os trabalhadores não conseguiram chegar ao local por causa do alagamento.

 

A cheia deste ano em Aquidauana é a segunda maior em comparação com a de 2011, quando o nível do rio atingiu 10,70 metros e foi a maior registrada da série histórica.

 

 

 

 

Últimas notícias