Diário MS
Promessa antiga do governador Reinaldo Azambuja (PSDB) para atender os produtores da agricultura familiar da Grande Dourados, a Central de Abastecimento de Alimentos (Ceasa) está longe de virar realidade. O sonho começou a ser vendido pelo governo tucano no primeiro semestre de 2015, poucos meses após a posse do atual governador, quando o Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural de Dourados aprovou a cedência ao Estado de uma área de quatro hectares para construção do Ceasa.
Na época, o então coordenador regional da Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural (Agraer) de Dourados, Flávio Ferreira, chegou a afirmar a iniciativa do Conselho Municipal foi de fundamental importância para que o projeto saísse do papel e ganhasse o canteiro de obras. Na época, a (Sepaf) anunciou que a Ceasa da Grande Dourados custaria R$ 5 milhões e que ficaria à disposição de agricultores individuais ou aqueles organizados em grupos, como associações ou cooperativas, desde que devidamente regularizados.
Ainda em junho de 2015, a Prefeitura de Dourados distribuiu release informando que o município era parceiro do Governo do Estado na implantação de uma Central de Abastecimento. Os detalhes para construção da unidade foram discutidos em reunião com o então diretor-presidente da Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural, Enelvo Felini, que hoje é deputado estadual e com o secretário municipal da Agricultura Familiar, Landmark Ferreira Rios, que continua no cargo na gestão atual.
Na época ficou decidido que a prefeitura doaria o terreno às margens da BR-163, no trevo de acesso à Fátima do Sul, onde está localizado o fictício Frigorífico do Peixe, que também não virou realidade e o prédio acabou transformado num gigantesco elefante branco. O terreno doado para o governo do Estado construir a Ceasa tem 41.229 m², com 130 metros de frente para a rodovia e 286 metros de profundidade.
A novela continuou e em março de 2016, o mesmo Enelvo Felini anunciou o lançamento da pedra fundamental das obras da Ceasa, no terreno doado pela Prefeitura de Dourados. Na época, ficou definido que a contrapartida do município na obra seria de R$ 742.129,20, além de R$ 5 milhões que seriam investidos pelo governador Reinaldo Azambuja para cumprir a antiga promessa.
MAIS PROMESSAS
Três meses depois, em 16 de junho de 2016, o engenheiro civil Paulo Sérgio Szukala Araújo e a assistente de gerência Gisele Alves Farias, ambos ligados à Agraer, estiveram em Dourados para anunciar que o projeto para construção da Central de Abastecimento de Alimentos estava pronto. Detalhe: as obras não custariam mais os R$ 5 milhões anunciados em 2015, mas, sim, R$ 9 milhões.
Na reunião os técnicos discutiram a necessidade de remoção da rede elétrica de alta tensão que passava pelo local, bem como da construção de um viaduto de acesso pela CCR MS Via, que tem a concessão da BR-163. O engenheiro Paulo Sérgio Szukala Araújo garantiu, em junho de 2016, que os projetos arquitetônico, estrutural e elétrico já estavam prontos.
Chegou a ser anunciado que o governo do Estado tinha R$ 3 milhões disponíveis para a primeira etapa da obra, que compreendia um galpão destinado à agricultura familiar e outro para atacadistas, área administrativa, banheiros e cercamento. Na segunda etapa seria feito a pavimentação de toda a área, mais um galpão para atacadista e outro galpão para caixarias, além de uma praça de alimentação.
Digna da dramaturgia mexicana, quase três anos após o anúncio do projeto, o governador Reinaldo Azambuja aproveitou a solenidade de entrega de resfriadores de leite aos pequenos produtores de 23 municípios, em Campo Grande, para anunciar no dia 13 de novembro de 2017 a abertura do processo licitatório para construção da Central de Abastecimento de Alimentos de Dourados.
Na ocasião, o governador foi enfático: “Nosso governo tem investido fortemente na agricultura familiar para fortalecer este importante segmento da produção rural e reduzir a dependência do Estado em relação ao consumo de hortifrutigranjeiros, que hoje importamos. Vamos autorizar a construção da Ceasa de Dourados, que vai atender a um grande polo de produção e consumo do Estado, dando assim um grande passo para organizarmos a cadeia alimentar”. Até agora, a empresa vencedora da tal licitação não foi anunciada.
