sexta-feira, 29 de março de 2024

Juiz ouve 7 testemunhas de acusação sobre morte de garoto após agressão em lava-jato

Advogado da família defende que acusados tiveram a intenção de matar.

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Família do adolescente morto após agressão com mangueira de compressão de ar (Foto: Rodrigo Grando/TV Morena)

G1 MS

Família do adolescente morto após agressão com mangueira de compressão de ar (Foto: Rodrigo Grando/TV Morena)

O juiz Carlos Alberto Garcete de Almeida, da 1ª Vara do Tribunal do Júri, ouviu sete testemunhas de acusação sobre a morte do adolescente Wesner Moreira da Silva, de 17 anos, após agressão com uma mangueira de compressão de ar em um lava-jato de Campo Grande no dia 3 de fevereiro deste ano. A audiência realizada nesta terça-feira (5) foi a primeira do caso.

 

O advogado da família da vítima, Samuel Trindade, trabalha que para os acusados, Thiago Giovani Demarco Sena, dono do lava-jato, e Willian Henrique Larrea, funcionário do estabelecimento, serjam julgados por homicídio doloso pelo Tribunal do Júri.

 

“Eles sabiam sim da força da mangueira e têm de ser responsabilizados por homicídio sim. E esse crime deve ser julgado pelo Tribunal do Júri”, afirmou Trindade.

A família fez um protesto silencioso na entrada do fórum da capital com cartazes. Depois acompanharam a audiência e alguns deles testemunharam nesta terça-feira. A primeira a falar foi a mãe do adolescente Marisilva da Silva. Ela carrega uma foto do filho na bolsa.

 

“Eu tô muito esperançosa. Eu não consegui dormi à noite, há muito tempo eu não consigo dormir, parece que meu coração está na mão. Tô com muita fé porque esse caso que fizeram com ele foi muito cruel. Eles tiraram um pedaço de mim por crueldade, por maldade”, afirmou a mãe antes de entrar na sala de audiência.

 

Também foram ouvidos a assistente social e o técnico de enfermagem que atenderam Wesner na Unidade de Pronto Atendimento (UPA).

 

Os acusados Thiago Sena e Willian Larrea acompanharam a audiência. O Ministério Público do Estado (MPE) denunciou os dois por homicídio doloso, quando há intenção de matar, a mesma tese que defende o advogado da família.

 

A próxima audiência está marcada para o dia 2 de outubro, quando serão ouvidas oito testemunhas de defesa. O magistrado ainda solicitou a intimação do médico que atendeu Wesner, que não havia sido intimado.

 

Também deve ser ouvidos a assistente social da Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente (Depca), que conversou com a vítima, e ainda o médico legista que subscreveu o parecer médico-legal para que possa esclarecer os detalhes sobre as lesões sofridas pela vítima.

 

Entenda o caso

 

Wesner perdeu parte do intestino ao ser agredido com uma mangueira de ar comprimido do lava-jato onde trabalhava pelo ânus. Segundo a polícia, não houve introdução, mas a força do ar devastou os órgãos. Depois de 11 dias internado na Santa Casa de Campo Grande, o adolescente morreu em consequência de uma complicação no esôfago que ocasionou perda de líquido e sangue.

 

Na época, o dono do lava-jato Thiago Demarco Sena e o funcionário William Henrique Larrea disseram que tudo foi uma “brincadeira” e a polícia entendeu que não houve conotação sexual, por isso o caso foi registrado como lesão corporal. Antes de morrer, Wesner negou que tratou de brincadeira.

 

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