quarta-feira, 24 de abril de 2024

Justiça ouve 6 sobre caso dos PMs que teriam cobrado R$ 150 mil para liberar carga de cigarro

Testemunhas foram apresentadas pela acusação. Defesa terá que fazer o mesmo; após isso, nova audiência será marcada.Leia mais....

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Sargento e cabo voltando ao presídio militar após uma audiência de custódia (Foto: Reprodução/TV Morena)

G1 MS

 

Sargento e cabo voltando ao presídio militar após uma audiência de custódia (Foto: Reprodução/TV Morena)

Seis tesmunhas de acusação – uma delas por vídeo conferência diretamente de Mundo Novo (MS) – foram ouvidas pela Justiça na tarde desta quarta-feira (17), no fórum de Campo Grande, sobre o caso dos policiais militares acusados de cobrar R$ 150 mil para liberar um caminhão com carga contrabandeada de cigarro.

 

A defesa tem agora um prazo de cinco dias para apresentar as próprias testemunhas. Após isso, uma nova audiência será marcada, de acordo com a assessoria de imprensa do fórum da capital sul-mato-grossense, que não informou se os envolvidos compareceram na audiência, apesar de intimados.

 

Ainda segundo a assessoria, o processo entrou em segredo de Justiça, o que impossibilita que a imprensa tenha acesso às informações e acompanhe o andamento. A audiência desta tarde foi a portas fechadas, sem autorização para que jornalistas e até funcionários do fórum pudessem assistir.

 

Propina

O caminhão com cigarros contrabandeados foi abordado em uma rodovia da capital sul-mato-grossense e levado para o Jardim Tarumã. Dois policiais teriam cobrado propina no valor de R$ 150 mil para liberar a carga e o motorista. Na negociação, segundo os investigadores, ficou acertado que o valor deveria ser pago naquele momento. O valor não chegou a ser entregue.

 

Na época, a Polícia Militar informou por meio de nota que os dois policiais militares vão responder pelo crime de corrupção passiva.

 

Prisões

O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) soube do pedido de propina, monitorou a situação e prendeu o cabo Rafael Marques da Costa, de 28 anos, e o sargento Alex Duarte de Aguir, de 38. Os dois policiais estavam em um posto de combustíveis da avenida Guinter Hans esperando que o dinheiro fosse entregue.

 

Os policiais estavam armados e não resistiram à prisão. O caso foi registrado na Polícia Civil como concussão, que é quando o servidor público pede alguma vantagem para si relacionada à função, estando ou não em serviço, e contrabando. A Polícia Federal também atua no caso.

 

 

No dia 7 de dezembro a Corregedoria da Polícia Militar informou que prendeu mais cinco PMs. O motivo das prisões, segundo a corporação, é que os militares teriam participação na cobrança do dinheiro para liberar a carga e o motorista.

 

Gravação

Com os suspeitos foram encontrados vários celulares, inclusive o aparelho do caminhoneiro e documentos do veículo. Um dos aparelhos é de um homem que ajudou nas investigações e tinha gravações que revelam como foi a negociação dos R$ 150 mil. A polícia também vai investigá-lo para saber se ele fazia parte da quadrilha de contrabando.

 

Pessoa 1: “Quem abordou mesmo o menino foi o PM, deixaram o trator na estradinha vicinal, pegaram ele e levaram para outro canto. O caminhão ficou lá. Depois eles foram lá e buscaram o caminhão, aí onde eu entrei em contato com o motorista e dois caras veio entrar em contato comigo, num Civic prata, um cara ruivo, de barba ruiva e quem está na jogada lá é os pé preto, Polícia Militar”.

 

Os policiais pareciam ter pressa para finalizar o acordo e entregar o caminhoneiro.

 

Pessoa 1: “Ele falou daqui uma hora você me passa o dinheiro. Aí eu falei você é louco? Como é que em uma hora eu vou arrumar R$ 150 mil, vem mais debaixo esse dinheiro aí, você me dá três, quatro horas. Aí eu falei que até cinco horas eu entregava o dinheiro para eles aqui. Sabe o que ele falou para mim cara? Que se até cinco horas eu não entregar o dinheiro, que eu não preciso entregar o dinheiro mais não. Mano os caras vão roubar nossa mercadoria”.

 

Mas que estava negociando não conseguiu todo o montante exigido e revelou em uma mensagem.

 

Pessoa 1: “Aí eu não falo para os caras que só tô com R$ 30 [mil] eu falo que tô com tudo né?”

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