sexta-feira, 26 de abril de 2024

Mato Grosso do Sul não seria o mesmo sem a UEMS, por Fabio Edir dos Santos

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Fabio Edir dos Santos (*)

 

Já se passou algum tempo, mas me lembro perfeitamente de quando completei meus 40 anos. Foi um momento, claro, de comemoração, mas também de balanço. Momento de revisar minha história tentando encontrar nela aquilo que tinha feito sentido para mim, que me gerou valores que me tornaram aquilo que eu sou.

 

Ao completar 40 anos, é importante que Mato Grosso do Sul também revise sua história e, ao fazê-lo, não lhe passará despercebido o tamanho da importância da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS). Nesse balanço histórico, o Estado vai perceber que a UEMS também foi pioneira em levar educação superior ao interior do Estado e até hoje é a universidade com maior inserção através de unidades universitárias físicas em todas as microrregiões de MS.

 

Até então (meados de 1990), estudar em um curso superior era privilégio de quem morava na capital ou em centros urbanos maiores, como Dourados, ou de quem tinha condições de se deslocar até estas cidades. Mas em um projeto extremamente audacioso, o então governador Pedro Pedrossian, apoiado por uma competente equipe, permitiu que 15 cidades do interior de Mato Grosso do Sul recebessem unidades da recém-criada UEMS.

 

Projeto corajoso pelo tamanho, e inovador pela proposta de ensino. Naquele momento era urgente a necessidade de se qualificar a educação básica do Estado. Não havia professores qualificados em número suficiente para garantir uma educação primária e secundária de qualidade no interior, e foi pensando em garantir um acesso democrático à formação superior que a UEMS iniciou seus cursos rotativos. Se uma região, por exemplo, sofria com a falta de professores de Biologia, a Universidade instalava o curso e o mantinha lá até que a demanda fosse sanada. Missão cumprida, era hora de transferir o curso para outra região que tinha carência na mesma área.

 

Depois de cumprida a missão e de suprida a necessidade urgente por professores formados atuando no interior, a UEMS deu início a um novo desafio: o da verticalização, desenvolvendo pesquisas que impactaram e continuam impactando diretamente vários setores da sociedade sul-mato-grossense. Das universidades estaduais do Centro Oeste fomos a primeira a conquistar um doutorado próprio e somos, com muito orgulho, um destaque regional no campo das investigações científicas.

 

Na retrospectiva dos 40 anos de MS, será necessário um capítulo especial sobre os mais de 20 mil profissionais que a UEMS formou e sobre como estas pessoas ganham quase três vezes mais que a média geral de salários no Estado. Aliás, ao falar em renda, é preciso lembrar que, se considerarmos somente a diferença entre a renda média do sul-mato-grossense e a renda média dos formados pela Universidade, é possível verificar que aqueles que a UEMS qualificou injetam aproximadamente R$ 200 milhões ao ano em Mato Grosso do Sul em forma de impostos que ficam no Estado. Isso sem considerar professores, técnicos e os 10 mil estudantes matriculados atualmente. O balanço terá que levar em conta também que 82% dos profissionais formados pela UEMS continuam no Estado depois da graduação e que 85% dos estudantes matriculados hoje são oriundos de Mato Grosso do Sul mesmo. Ou seja, é uma universidade que atende diretamente a nossa população, desde o ingresso até a atuação profissional.

 

Em Mato Grosso do Sul, a UEMS tem as cores da nossa gente, é preta, branca, vermelha, amarela, uma universidade com sabor de guavira, cheiro de terra molhada e acolhedora como uma gostosa roda de tereré bem gelado. Nossa universidade é, mais do que tudo, nossa. E no que depender do trabalho de cada servidor, estudante e colaborador que nela atua, assim ela vai continuar sendo e crescendo.

 

Eu poderia passar horas lembrando motivos que tornam a UEMS a cereja do bolo na construção de Mato Grosso do Sul, pois sou apaixonado por esta Universidade, seu perfil humanizado, socialmente comprometido, batalhador. Mas propositalmente paro por aqui, sem completar nem concluir nada, pois tenho a plena consciência de que para a UEMS nada está concluído também. Há muito o que se fazer, muito o que contribuir para que nosso Estado continue sendo o coração saudável do Brasil. Parabéns a Mato Grosso do Sul, pelos 40 anos, e por abrigar uma das mais lindas histórias brasileiras em sua educação superior estadual.

 

(*) Reitor da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS) e presidente do Conselho de Reitores das Instituições de Ensino Superior de Mato Grosso do Sul (Crie-MS).

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