Por Marcos Ribeiro, G1 MS
O Mato Grosso do Sul é uma das referências do Brasil na busca de novos sistemas de produção para melhorar o rendimento na agropecuária e ao mesmo tempo assegurar a preservação do meio ambiente. A Integração Lavoura-Pecuária (ILP) e a Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) estão entre técnicas de maior destaque nas propriedades rurais do estado.
É cada vez maior a quantidade de produtores que estão aderindo a estes sistemas, em razão dos excelentes resultados alcançados. A Fundação MS, especializada em pesquisas e difusão de tecnologias, foi pioneira nos estudos e desenvolvimento destas metodologias produtivas. As primeiras experiências da instituição ocorreram há 25 anos.
Os estudos apontam que a diversificação de sistemas ajuda na recuperação de pastos degradados, devolve vigor às áreas desmatadas, aumenta a qualidade e a quantidade da produção de grãos, carne e leite.
O pesquisador e diretor-executivo da Fundação MS, Alex Melotto, destaca a eficiência dos sistemas de integração. “Mato Grosso do Sul é um dos estados com maior possibilidade de crescimento na agricultura e pecuária, só trabalhando com a integração. O estado tem 10 milhões de hectares de pastagem com algum tipo de degradação. Só com a pecuária demora de cinco a sete anos para recuperar um pasto. Com a soja, em muitos casos, é possível recuperar a pastagem já no segundo ano de cultivo”.
Melotto afirma que os sistemas integrados são as melhores ferramentas para otimizar a produção e a produtividade. “Com a integração é possível conseguir uma amortização do custo inicial, ter diversificação das fontes de renda. Com isso eu tenho componentes para atingir mercados diferentes, consigo explorar melhor o mercado. A integração propicia a quebra do ciclo de várias pragas, doenças e o controle de plantas daninhas” explica o pesquisador.
O produtor Rodrigo Monteiro, dono da fazenda Quinzão, em Sidrolândia (MS), sempre trabalhou com a pecuária. O fazendeiro conta que não estava conseguindo recuperar a pastagem, com a qualidade e a velocidade necessária.
Há quatro anos, o produtor encontrou na Integração Lavoura-Pecuária a solução para recuperar o pasto degradado. Ele começou com 100 hectares destinados à agricultura e foi aumentando nos anos seguintes. Atualmente são 400 hectares destinado à agricultura.
Na fazenda com 1.150 hectares, Monteiro planta milho no inverno e soja no verão. A cada dois anos, ele faz a inversão das áreas com lavoura e pastagem. “Eu percebi quando colhi o milho e deixei o capim que realmente era um capim muito melhor. Eu busquei uma assessoria e estou com eles desde 2014. Começamos devagar com agricultura de precisão. No inverno, em vez de plantar tudo de milho, eu plantava um terço da área com milho e o resto da área com capim para inverno. Eu fiz a safrinha depois. Tinha capim sobrando, daí começou desde então. Agora eu estou na fase de estabilizar, para recuperar a pastagem. Em quatro a cinco anos, eu consigo passar toda a fazenda para agricultura de precisão”, projeta.
O produtor José Rodrigues, dono da fazenda Cachoeirão, em Bandeirantes (MS), trabalhou por muitos anos apenas com a pecuária. Investir em agricultura, na fazenda com o solo bastante arenoso, era algo pouco provável.
Rodrigues conta que estava bastante preocupado com a pastagem cada vez mais degradada e, por isso, decidiu buscar novas alternativas.
Em 2005, ele plantou 340 hectares de soja e nos ciclos posteriores foi ampliando o espaço destinado à agricultura. Atualmente são 1,8 mil hectares reservados ao cultivo do grão. A cada dois ou três anos, o produtor faz inversão de área para plantar soja e pastagem. “Tenho mais rendimentos porque agora tenho mercadoria para negociar o ano todo. Além disso melhoro a produtividade da soja e ainda produzo uma carne de melhor qualidade e de maneira mais rápida”, destaca Rodrigues.