quinta-feira, 18 de abril de 2024

Psicóloga destaca a importância de falar sobre suicídio

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Bárbara Ballestero/ Diário MS

 

Psicóloga de Dourados, Priscila Gatti, psicoterapeuta cognitivo-comportamental (Foto - Divulgação)

Mesmo alcançando um pouco mais de visibilidade na mídia nos dias atuais, falar sobre suicídio ainda é algo recente. Tendo em vista que apenas ouvíamos falar sobre esse tema quando uma figura pública tirava sua própria vida.

 

Debater sobre o assunto era algo inviável, principalmente, por se tratar de algo tão complexo e delicado. De acordo com a OMS, no Brasil ocorrem, aproximadamente, 12 mil suicídios por ano. No mundo todo, a cada 40 segundos, uma pessoa tira a própria vida.

 

A campanha nacional de valorização da vida “Setembro Amarelo”, criada em 2015, completa dois anos neste mês e tem como slogan os dizeres: “Falar é a melhor solução”.

 

Convidamos a psicóloga de Dourados, Priscila Gatti, psicoterapeuta cognitivo-comportamental, para falar um pouco sobre o assunto. “A maior dificuldade está no fato de que o suicídio ainda está em um momento delicado, pois a morte em si é um assunto cercado de estigmas e tabus. Com isso, a maioria das pessoas com ideação suicida, ou seja, que pensam no suicídio, não encontram abertura para falar do assunto e para expor seus pensamentos e, consequentemente, se sentem ainda mais sozinhas e desamparadas.

 

Pessoas que cometem suicídio ainda são vistas como fracas ou egoístas. O que precisamos compreender com urgência é que cada pessoa é única e os meus limites não são iguais aos seus limites. Isso significa que um mesmo acontecimento pode causar uma carga de sofrimento diferente em pessoas diferentes. Por isso, considerar egoístas as pessoas que pensam, tentam ou cometem suicídio é um equívoco.

 

Outro equívoco é acreditar que aqueles que “ameaçam” tirar a própria vida estão apenas querendo chamar a atenção e não irão chegar ao ato em si. Pessoas que pensam em suicídio são pessoas que se encontram sem esperanças, que não conseguem ver uma saída para seus problemas. Quem comete suicídio, está tentando acabar com a dor. Quando ignoramos essas pessoas, mostramos para elas que, de fato, elas não têm saída, estão sozinhas e que ninguém pode ajudá-las. Por isso, é importante que estejamos atentos a falas que demonstram desesperança, cansaço ou apatia. Pessoas com ideação suicida precisam, acima de qualquer coisa, serem ouvidas. Um diálogo aberto e empático é sempre a melhor forma de prevenção.

 

Atualmente, o suicídio tem estado mais presente no nosso cotidiano. Além de estar ganhando maior representatividade na literatura, no cinema e na televisão, não é raro vermos notícias de pessoas famosas que cometeram suicídio. Isso tem contribuído para uma melhor compreensão do assunto, especialmente no que diz respeito ao fato de o risco de suicídio estar presente em qualquer realidade, independentemente da situação socioeconômica. No entanto, vale lembrar que a ficção não deve ser usada como base para o conhecimento, já que seu objetivo maior é entreter e não informar. Portanto, se estiver em busca de informações confiáveis, procure fontes seguras.

 

A saúde mental também tem ganhado cada vez mais espaço, mas ainda há um longo caminho a ser percorrido para que a saúde mental receba a mesma atenção que a saúde física recebe. Os transtornos mentais estão diretamente relacionados ao risco de suicídio. Por isso, também é necessário que se compreenda mais sobre essas condições, especialmente a depressão e a ansiedade.

 

Além dos tabus que cercam a morte e o suicídio, há ainda uma série de estigmas que precisam ser superados no que diz respeito aos serviços de psicoterapia, que ainda são vistos de forma distorcida e pejorativa, o que tende a deixar as pessoas pouco confortáveis para procurar ajuda profissional. As Universidades oferecem atendimento psicológico gratuito realizado por formandos do curso de Psicologia e há também o Centro de Valorização da Vida (CVV), que possui diversos canais de comunicação para ouvir e oferecer apoio emocional às pessoas que estão pensando em suicídio.

 

Portanto, se você tem tido pensamentos suicidas, procure ajuda. Não tenha vergonha de falar sobre o que você sente e pensa. Se preferir, procure ajuda profissional. Pode estar sendo difícil ver uma saída agora, mas, ela existe. Há outras formas de acabar com a dor sem precisar tirar a própria vida.”

 

 

 

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